Jambu da Amazônia brilha em missão espacial
  • Newton Exploration apresentou experimento com jambu em microgravidade na Missão 19 da ISS Expedition, em julho de 2024.
  • Projeto foi destaque no Kennedy Space Center e recebeu menção honrosa entre delegações internacionais.
  • A pesquisa alia ciência e cultura amazônica, com foco em tecnologias alimentares sustentáveis para o espaço.
  • Iniciativa reforça o potencial da educação científica na Amazônia e inspira novos projetos interdisciplinares.

A equipe Newton Exploration, da Escola de Referência SESI Ananindeua, foi homenageada com menção honrosa durante a Missão 19 da International Journey ISS Expedition, realizada no Kennedy Space Center, na Flórida (EUA), entre junho e julho de 2024. O grupo paraense foi o único representante do Brasil no evento, que é um dos mais relevantes do mundo em medicina e biotecnologia espacial.

Formada por alunos do 3º ano do Ensino Médio, a Newton Exploration apresentou um experimento inédito: a germinação do jambu em microgravidade. A pesquisa une ciência, identidade amazônica e inovação tecnológica, destacando o potencial da educação científica na região Norte do Brasil.

Experimento amazônico no espaço

O projeto da equipe Newton Exploration investigou o comportamento do jambu — planta típica da culinária amazônica — em condições de microgravidade, como as que ocorrem na Estação Espacial Internacional (ISS). O objetivo foi compreender se a planta pode ser cultivada em missões espaciais de longa duração, contribuindo para o desenvolvimento de tecnologias alimentares sustentáveis fora da Terra.

Durante a apresentação no Kennedy Space Center, os estudantes detalharam:

  • O design do experimento biológico;
  • As etapas de pesquisa e testes em laboratório;
  • As possíveis aplicações em missões espaciais futuras;
  • O impacto da cultura amazônica na ciência global.

O evento integrou o SSEP (Student Spaceflight Experiments Program), reunindo delegações do Brasil, Estados Unidos e Portugal. A Newton Exploration foi a única equipe brasileira a participar da Missão 19.

Reconhecimento internacional e orgulho regional

Para Márcia Arguelles, gerente executiva de Educação do SESI Pará, a menção honrosa comprova o valor da proposta pedagógica desenvolvida no estado:

“A menção honrosa recebida por nossos alunos é motivo de enorme orgulho para o SESI Pará. Eles não apenas levaram a ciência amazônica para um centro de referência mundial, como também mostraram que nossos jovens têm voz e protagonismo nas grandes discussões globais. Essa conquista reforça o nosso compromisso com uma educação que prepara para o futuro sem esquecer suas raízes.”

O professor orientador Thiago Machado também celebrou o feito:

“Ver nossos alunos sendo reconhecidos em um ambiente tão prestigiado mostra que a ciência feita nas escolas da Amazônia tem potencial internacional. Essa experiência vai muito além da sala de aula, ela transforma vidas, amplia horizontes e afirma que o conhecimento pode, sim, ultrapassar fronteiras.”

Além da apresentação oficial, os alunos participaram de atividades práticas e imersivas promovidas pela Kennedy Space Center International Academy (KSCIA), com foco em:

  • Exploração aeroespacial;
  • Educação científica aplicada;
  • Inovação tecnológica;
  • Empreendedorismo juvenil.

A viagem aos Estados Unidos se estendeu até 5 de julho, proporcionando uma vivência internacional que vai além da ciência: promove intercâmbio cultural, reforça identidades regionais e inspira novas gerações.

Educação científica com identidade amazônica

O experimento com jambu é mais do que uma curiosidade científica. Ele representa uma estratégia pedagógica inovadora que alia pesquisa, tecnologia e valorização da cultura local. O projeto nasceu dentro do programa de incentivo à ciência do SESI Pará, que busca formar jovens protagonistas em áreas estratégicas como biotecnologia, engenharia e sustentabilidade.

Para os estudantes, a participação no evento foi transformadora. Ana Clara, integrante da Newton Exploration, descreveu a experiência:

“Se eu pudesse resumir esses dias em uma palavra, seria inexplicável. É simplesmente incrível estar aqui, trocando conhecimentos com profissionais da astrofísica, da física e de outras áreas do setor espacial. Está sendo uma experiência muito especial pra gente. E mais do que isso: é uma honra representar o Brasil e poder levar um pedacinho da nossa cultura paraense para eles.”

O projeto também demonstra como a ciência escolar pode dialogar com desafios globais, como a segurança alimentar em ambientes extremos, incluindo o espaço sideral. A escolha do jambu foi estratégica: além de ser um símbolo da Amazônia, a planta possui propriedades anestésicas e nutricionais que despertam interesse científico.

Impactos para a Amazônia

O reconhecimento internacional da Newton Exploration reforça a importância de investir em educação científica na região amazônica. A iniciativa mostra que é possível desenvolver projetos de alto impacto mesmo fora dos grandes centros urbanos e tecnológicos do país.

Entre os principais impactos esperados estão:

  1. Maior visibilidade para a ciência produzida na Amazônia;
  2. Estímulo à formação de jovens cientistas na região Norte;
  3. Fortalecimento de políticas públicas de educação e inovação;
  4. Valorização de saberes e produtos da biodiversidade amazônica.

Além disso, a experiência internacional da equipe pode inspirar outras escolas e redes de ensino a investir em projetos interdisciplinares que conectem ciência, cultura e tecnologia.

Glossário

  • Microgravidade: Condição de quase ausência de gravidade, como no espaço.
  • Jambu: Planta amazônica com propriedades anestésicas, usada na culinária regional.
  • SSEP: Student Spaceflight Experiments Program, programa educacional internacional que envia experimentos de estudantes ao espaço.
  • ISS: Estação Espacial Internacional, laboratório orbital habitado por astronautas de vários países.

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