- Pesquisadores criam extratos bioativos de amêndoas amazônicas.
- Projeto envolve Embrapa, UFRA, UFPA e cooperativas locais.
- Uso de microencapsulamento preserva propriedades dos extratos.
- Bioeconomia amazônica impulsiona inovação e sustentabilidade.
Pesquisadores de diferentes regiões do Brasil estão desenvolvendo produtos sustentáveis a partir de amêndoas amazônicas, como cupuaçu, castanha e pracaxi. O projeto, apoiado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), foca na produção de extratos bioativos com alto valor agregado.
Pesquisa alia ciência, inovação e comunidades locais
A iniciativa reúne instituições renomadas, como a Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ), Universidade Federal do Fluminense (UFF), Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e Universidade Federal do Pará (UFPA). A coordenação geral é do doutor Otniel Freitas Silva, da Embrapa.
No Pará, o professor Fagner Aguiar lidera a equipe da UFRA. Segundo ele, o projeto é essencial para gerar conhecimento científico e repassá-lo às comunidades locais, promovendo bem-estar e oportunidades acadêmicas. A equipe conta com cinco bolsistas de iniciação científica e um pós-doutorado concluído.
Como os extratos são produzidos e analisados?
Os pesquisadores produzem tortas residuais das amêndoas, transformando-as em extratos ricos em compostos bioativos. Esses extratos passam por microencapsulamento em spray-drier, técnica que preserva suas propriedades. Posteriormente, são enviados a laboratórios no Rio de Janeiro para análise química e testes in vitro, avaliando atividade antioxidante, anti-inflamatória e toxicidade.

Associações comunitárias fortalecem a cadeia produtiva
O projeto conta com apoio de cooperativas e associações como a Comaru, no Amapá, e a Amelc, no distrito do Bailique. Essas organizações fornecem matéria-prima e infraestrutura. No Pará, participam a APREPRI, na Ilha do Marajó, e a Camta, em Tomé-Açu.
Essas parcerias serão oficializadas por meio de contratos de cooperação técnica, garantindo o compromisso institucional e o desenvolvimento conjunto de ações sustentáveis na região amazônica.
Três avanços previstos até 2025
- Obtenção de extratos fenólicos microencapsulados.
- Aplicação em filmes comestíveis para frutas como o açaí.
- Escalonamento industrial do processo de fermentação das biomassas.
Esses avanços visam transformar descobertas científicas em produtos comercializáveis, fortalecendo a bioeconomia amazônica.
Reconhecimento científico e internacionalização
Os resultados parciais foram apresentados em eventos como o 29° Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos e o 3rd International Congress on Bioactive Compounds. Em 2025, o projeto será destaque no 7th Symposium on Medicinal Chemistry, em Portugal.
Além disso, a equipe do Pará obteve dados promissores sobre as atividades antimicrobianas e biológicas dos compostos, com foco na prevenção da diabetes.
Como a bioeconomia impulsiona a Amazônia?
O projeto reforça o potencial da bioeconomia amazônica, ao combinar inovação tecnológica, sustentabilidade e valorização dos recursos naturais. A expectativa é que os processos desenvolvidos possam ser adaptados para produção em escala industrial, beneficiando comunidades tradicionais e pequenos produtores.
Glossário
- Fapespa: Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas.
- Spray-drier: Equipamento que transforma líquidos em pó por secagem rápida.
- Microencapsulamento: Técnica que envolve compostos em partículas microscópicas para protegê-los.
- PFNM: Produtos Florestais Não Madeireiros.
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