- Estudo do CBA avalia poluição no Igarapé do Mindu, em Manaus.
- Foram identificados níveis críticos de matéria orgânica e coliformes.
- Fungos amazônicos reduziram significativamente a contaminação.
- A pesquisa destaca a biotecnologia como solução sustentável para a poluição hídrica.
Uma pesquisa do Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA) revelou alto nível de poluição no Igarapé do Mindu, em Manaus, e testou o uso de fungos nativos como solução sustentável para tratar a água. Os resultados foram divulgados no dia 26 deste mês e mostram avanços promissores na biotecnologia aplicada à recuperação de corpos hídricos urbanos.
Segundo a coordenadora do estudo, Ingrid Reis da Silva, doutora em biotecnologia, as coletas ocorreram em três pontos distintos do igarapé, abrangendo áreas urbanas com diferentes níveis de impacto ambiental. As amostras passaram por análises físico-químicas e microbiológicas para detectar poluentes como pH, oxigênio dissolvido (OD), turbidez, DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) e presença de bactérias fecais.
Estudo aponta níveis críticos de poluição
Os dados iniciais revelaram um cenário preocupante. O oxigênio dissolvido variou entre 2 e 3 mg/L, abaixo do mínimo de 5 mg/L exigido para águas doces de classe II. A DBO superou 47 mg/L, indicando alta carga de matéria orgânica. Já os coliformes termotolerantes chegaram a 3 x 10⁵ UFC/100 mL, tornando a água imprópria para consumo ou recreação.
Esses números refletem os impactos da urbanização desordenada, do lançamento de esgoto doméstico e da presença de resíduos sólidos no igarapé, que corta cerca de um quarto da área urbana de Manaus.
Fungos amazônicos reduzem contaminação
Para o tratamento, os pesquisadores utilizaram fungos filamentosos dos gêneros Trichoderma, Fusarium e Beauveria, isolados da própria região amazônica. Eles foram organizados em consórcios e incubados com a água contaminada por 10 dias, sob temperatura e agitação controladas.
“Ao final do tratamento, realizamos novas análises dos mesmos parâmetros para avaliar a eficácia dos consórcios fúngicos na melhoria da qualidade da água. Os resultados demonstraram uma redução significativa nos níveis de contaminação, especialmente nos indicadores microbiológicos e na carga orgânica da água”, explicou Ingrid.
Como a pesquisa fortalece a ciência na Amazônia?
O projeto também teve um papel formativo. Segundo a pesquisadora, a iniciativa contribuiu para capacitar estudantes e bolsistas em técnicas de microbiologia e biotecnologia, fortalecendo a base científica e inovadora da região.
Além disso, o estudo reforça o potencial da biodiversidade amazônica como aliada na recuperação ambiental. O uso de espécies locais torna o processo mais sustentável e adaptado às condições da região.
Três impactos positivos do estudo
- Redução de poluentes com biotecnologia de baixo custo.
- Formação de profissionais locais em ciência aplicada.
- Valorização da biodiversidade como solução ambiental.
Quem apoia a pesquisa?
O estudo foi financiado pelo Programa Biodiversa/Fapeam, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), com apoio do Governo do Amazonas. A iniciativa faz parte de um esforço maior para promover a conservação, restauração e uso sustentável do meio ambiente amazônico.
Glossário
- DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio): Medida da quantidade de matéria orgânica na água.
- OD (Oxigênio Dissolvido): Indicador da qualidade da água para organismos aquáticos.
- Fungos filamentosos: Micro-organismos com estrutura em filamentos, usados em processos biotecnológicos.
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