Cientistas do Inpa descobrem biodiversidade inédita no Amazonas
Resumo da pesquisa sobre insetos aquáticos na Amazônia
  • Mais de 11 mil insetos aquáticos foram identificados na RDS do Uatumã.
  • Estudo do Inpa revelou novas espécies e promoveu educação ambiental.
  • Equipamentos de campo e DNA ajudaram na análise genética e morfológica.
  • O projeto reforça o valor da biodiversidade e o papel da ciência na Amazônia.

Insetos aquáticos amazônicos são foco de uma pesquisa inédita que identificou mais de 11 mil invertebrados em igarapés da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, no Amazonas. O estudo foi realizado por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

Coordenada pela entomóloga Neusa Hamada, a pesquisa analisou 20 igarapés com mata ripária preservada. O objetivo foi avaliar a biodiversidade taxonômica e genética de insetos aquáticos e seu potencial para o ecoturismo científico e educação ambiental.

Descoberta acelera pesquisa na Amazônia

Foram identificados 11.302 invertebrados aquáticos, distribuídos em 12 ordens. Os principais grupos foram:

  • Diptera (moscas e mosquitos): 82%
  • Trichoptera (insetos-tricópteros): 9%
  • Odonata (libélulas e donzelinhas)

O estudo registrou novas espécies, incluindo representantes dos gêneros Chimarra e Macronema (Trichoptera) e Campsurus (Ephemeroptera).

Como foi feita a coleta dos insetos?

Para capturar os insetos, os pesquisadores usaram:

  • Redes entomológicas para libélulas
  • Armadilhas do tipo Malaise e Pensilvânia
  • Peneiras metálicas para triagem de organismos aquáticos

Também foram utilizados equipamentos multiparâmetros para medir pH, oxigênio dissolvido, temperatura e condutividade elétrica da água. No laboratório, microscópios estereoscópicos e kits de extração de DNA permitiram análises morfológicas e genéticas.

Educação ambiental com base científica

O projeto teve forte impacto social. Moradores da RDS do Uatumã participaram de oficinas práticas sobre coleta e identificação de insetos aquáticos. Crianças e adolescentes também foram envolvidos em atividades educativas nas escolas da região.

Foram produzidos livros paradidáticos e guias de campo acessíveis, distribuídos para professores e moradores. O conteúdo educativo também está disponível em vídeo: assista aqui.

Três avanços previstos até 2030

  1. Ampliação de bancos de dados sobre insetos aquáticos da Amazônia
  2. Mais publicações científicas sobre biodiversidade regional
  3. Fortalecimento do ecoturismo científico em reservas sustentáveis

Fomento à ciência e formação acadêmica

Segundo Neusa Hamada, o apoio da Fapeam foi essencial para todas as etapas do projeto. “Foi possível conceder bolsas a estudantes e profissionais de diferentes níveis de formação”, afirmou.

“Os recursos também permitiram a produção de material para atividades de popularização, como livros e cartilhas.”

O estudo contribuiu para teses, dissertações e projetos de iniciação científica, além de alimentar bases de dados globais sobre biodiversidade de invertebrados aquáticos.

Impactos para a Amazônia

O projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente:

  • ODS 4: Educação de qualidade
  • ODS 13: Ação contra a mudança global do clima
  • ODS 14: Vida na água
  • ODS 15: Vida terrestre

Além disso, fortalece o Programa Biodiversa, que apoia pesquisas voltadas à conservação e uso sustentável da biodiversidade amazônica.

Glossário

  • RDS: Reserva de Desenvolvimento Sustentável.
  • Fapeam: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas.
  • DNA: Ácido desoxirribonucleico, material genético dos seres vivos.

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